Se você já procurou um médico, deve ter percebido que muitas pessoas apresentam problemas parecidos. Algumas tem problemas graves, outras tem problemas simples, mas a maioria das situações se resume a um grupo de incômodos em comum: dores, infecções, acidentes, preocupações, problemas relacionados a doenças de longa data. Nesse contexto, o Médico de Família e Comunidade precisa estar atento aos problemas mais comuns na sua população, para não ser pego de surpresa.
Na nossa especialidade levamos muito a sério a capacidade de prever e trabalhar com os problemas mais comuns da população. Existe um conceito que diz que o Médico de Família e Comunidade é capaz de resolver cerca de 85% dos problemas de saúde da população geral. Isso significa saber cuidar de homens, mulheres, problemas de saúde mental, crianças, idosos, pessoas no final da vida, gestantes, todo o grupo LGBTQIA+, a lista só cresce!
Você é capaz de imaginar um médico que consegue resolver um número tão grande de problemas em pessoas diferentes?

Para conseguir resolver tantos problemas, temos que conhecer quem são as pessoas que fazem parte da nossa população.
- Será que são muito velhos para aguardarem a consulta na unidade? Todos conseguem vir ao atendimento, ou seria melhor visitá-los em casa?
- Será que vale a pena ter um horário especial para atender as gestantes? Além disso, quantas adolescentes estão engravidando?
- E quanto à população transsexual que frequentemente tem medo ou receio de aguardar uma consulta médica, será que vale a pena um horário especial pra essas pessoas?
- As pessoas autistas que sofrem em público, estão passando momentos difíceis para conseguir atenção médica?
Conhecer as estruturas físicas que fazem parte da área em que trabalhamos também é crucial. Por exemplo, o Médico de Família e Comunidade pode visitar escolas e creches, indústrias e restaurantes, para promover a saúde. O diálogo com a comunidade pode ser muito facilitado, lembro-me de 2019 quando sofremos uma epidemia de dengue em Ipuã, fizemos uso da rádio da cidade para alertar a população e orientar as maneiras de se prevenir o avanço da doença no município. Somado às forças da Vigilância Epidemiológica e dos outros estabelecimentos de saúde, fomos capazes de conter a situação.
O propósito final é estar preparado para cuidar da população da melhor maneira possível, com todo nosso arsenal de conhecimentos e desenvolvendo estratégias que estimulem a comunidade a se tornar coesa e atenciosa com a própria saúde.
